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Da Exploração à Preservação: o Papel da Tecnologia no Futuro Sustentável do Oceano

Da Exploração à Preservação: o Papel da Tecnologia no Futuro Sustentável do Oceano

O oceano sustenta a vida na Terra — ao alimentar milhares de milhões de pessoas, ao regular o clima e ao guiar economias globais. Ainda assim, tal como a dependência humana de recursos marinhos aumenta, também a pressão sobre os ecossistemas do oceano é maior. O desafio que enfrentamos não é o de simplesmente explorar o mar e aproveitar os seus recursos, mas também o de o conhecer e proteger. Um verdadeiro futuro sustentável do oceano depende da nossa capacidade de equilíbrio entre a produtividade e a preservação — e a tecnologia é a chave que possibilita esta coexistência.

A procura crescente por recursos alimentares provenientes do mar continua a colocar pressão sobre as pescas e a aquacultura, com riscos de sobrepesca, degradação de habitats e poluição. As indústrias offshore e de transporte marítimo continuam fortemente dependentes de combustíveis fósseis, contribuindo significativamente para as alterações climáticas e a acidificação dos oceanos. Por outro lado, o valor económico associado aos serviços dos ecossistemas do oceano ainda não está atualmente quantificado ou avaliado, permanecendo largamente invisível nos processos de decisão com base económica. De forma a contrariar esta corrente, devemos integrar a tecnologia e a sustentabilidade em todos os níveis da Economia Azul.

A inovação tecnológica disponibiliza as ferramentas para alcançar este equilíbrio. A robótica marinha avançada, a monitorização com recurso à Inteligência Artificial e as tecnologias de sensorização remota estão a transformar a nossa capacidade de observação e gestão de ecossistemas marinhos em tempo real. Sistemas inteligentes conseguem rastrear as emissões de embarcações, detetar fontes de poluição e até apoiar a pesca seletiva, reduzindo a captura acidental. Soluções de energia renovável – como a propulsão à base de hidrogénio e a eletrificação dos portos – estão a abrir caminho rumo à descarbonização do setor marítimo. Através destes avanços, podemos começar a ver o oceano não como uma fonte de recursos infinitos, mas como um sistema vivo, cuja saúde e produtividade devem ser continuamente monitorizadas e geridas de forma responsável.

A avaliação dos impactos ambientais em tempo real já deixou de ser um luxo; é uma necessidade. Somente através de dados precisos, contínuos e integrados é que os decisores políticos, cientistas e líderes da indústria conseguirão fazer escolhas informadas que salvaguardem os ecossistemas marinhos, ao mesmo temp oque permitem a atividade económica sustentável. Esta abordagem assegura que o oceano se mantém simultaneamente produtivo e protegido – um espaço onde o progresso tecnológico se alinha com o equilíbrio ecológico.

No INESC TEC, esta visão já está a tornar realidade. Através do desenvolvimento de tecnologias de monitorização ambiental, plataformas marinhas autónomas, sistemas de energia e soluções integradas de dados, o INESC TEC contribui para um futuro no qual a ciência do oceano apoia diretamente a gestão sustentável e a inovação. Ao conjugar excelência tecnológica com parcerias institucionais fortes e um alinhamento com as prioridades de governação globais do oceano – tais como a Década da Ciência do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas ou o enquadramento regulatório e ético da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA) da ONU -, a organização desempenha um papel vital na construção de uma Economia Azul mais resiliente.

O futuro do mar será determinado não apenas por aqueles que o exploram, mas também por aqueles que o compreendem e o respeitam. Construir esse futuro requer ciência com propósito – ciência que permita que a humanidade aja com responsabilidade, guiada pelo conhecimento, pela ética e pela sustentabilidade. Através da inovação e da colaboração, podemos assegurar que a nossa relação com o oceano se mantém simbiótica – uma relação que nos permite usá-lo de forma sensata, protegê-lo efetivamente e preservá-lo para gerações futuras.

Diana Viegas, Coordenadora do INESCTEC.OCEAN e Investigadora Sénior do INESC TEC

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