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Portugal e Noruega: o mesmo Oceano

Portugal e Noruega: o mesmo Oceano

Oceanos que separam e unem países e continentes. Oceanos que os portugueses conquistaram, construindo a sua epopeia maior com método científico e tecnologia, mas também estratégia, planeamento e ousadia. Oceanos que são um recurso único para a conectividade que suporta o comércio mundial, a captação de CO2 e a regulação climática, a alimentação, a energia, o turismo, o desporto e o lazer. Oceanos no centro da vida humana e do desenvolvimento económico e social.

E são os oceanos que usamos como vazadouro do lixo que deitamos aos rios, para lavar os tanques dos petroleiros, enchemos de plásticos que matam a fauna, poluição que destrói os corais, confiando sempre que sejam tão grandes e tão poderosos que tudo aguentem, que tudo processem. Há mesmo quem recuse aceitar as evidências, os factos, os números, renegando até mesmo a ciência que tem sido o suporte do nosso desenvolvimento económico e social até um nível nunca sonhado, para evitar reconhecer que temos de proteger os oceanos para que continuem a, generosamente, oferecer tudo o que nos dão.

Para Portugal, com a sua enorme Zona Económica Exclusiva no Atlântico, o oceano é um desafio, uma oportunidade que vem sendo adiada, talvez porque é mesmo demasiado grande e exigente, tem riscos, exige conhecimento, investimento, planeamento, estratégia. Mas não foi muito maior o desafio e muito maior o risco, quando o Infante nascido na Ribeira do Porto em 1394 montou a Escola de Sagres e persuadiu o Rei a empreender a expansão marítima, o nosso feito mais genial como nação?

Construindo sobre mais de três décadas de trabalho de investigação académica e, mais intensamente na última década, de colaboração estreita com empresas em projetos nacionais e europeus, o INESC TEC tem em mãos uma iniciativa estratégica de capacitação de todo o ecossistema na área da Investigação e Engenharia Oceânica.

Com financiamento europeu e nacional, num consórcio que tem como parceiros a APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo – e o Fórum Oceano – o cluster da economia azul portuguesa -, e como instituição de um país avançado na área do mar o SINTEF Ocean, da Noruega, pretende-se com o INESCTEC.OCEAN dar um salto qualitativo e quantitativo em pessoas, empresas, laboratórios e sítios de teste de tecnologias onshore e offshore.

A multidisciplinaridade de competências em áreas como as energias offshore, a robótica marinha, as infraestruturas e os dados oceânicos – suportadas por tecnologias avançadas em computação, comunicações, fotónica, sensorização, entre outras – será a chave para o impacto em múltiplos projetos e iniciativas na área dos oceanos ao longo da próxima década.

São múltiplas as cadeias de valor endereçadas com interesse estratégico para Portugal e para a Europa, começando pela energia offshore e a monitorização de impacto ambiental, passando pela aquacultura oceânica e a digitalização dos portos, até à bioprospecção marinha, não ficando de fora áreas como a segurança e a resiliência de infraestruturas críticas, como as redes de energia e de telecomunicações submarinas.

Sabemos que as caravelas portuguesas se inspiraram nos barcos que cruzavam o Mediterrâneo e nos barcos dos vikings do Norte da Europa, transformando-os em embarcações capazes de enfrentar grandes oceanos abertos como o Atlântico e o Pacífico. É com o mesmo espírito de abertura na aprendizagem que o INESCTEC.OCEAN empreende este caminho com o SINTEF Ocean, líder a nível europeu e mundial em engenharia oceânica.

José Manuel Mendonça, Coordenador do INESCTEC.OCEAN e Presidente Emérito do INESC TEC

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